sábado, 31 de dezembro de 2016

Com uma certeza desencontrada, a sensatez do tempo chocou-se com a realidade sempre visível de um futuro anunciadamente superficial...
O mundo das certezas ruiu na sua incapacidade de se sustentar. De fixo apenas a transitoriedade daquilo que insiste em permanecer. Viver na confiabilidade duradoura de um instante é desprezar a capacidade remodeladora do tempo. A velocidade das mudanças pode não ser constante, mas nunca trela com a inércia. Poderíamos utilizar o Método Cartesiano para compor nosso caminho rumo ao entendimento organizado da percepção da subjetividade na multiplicidade insensata da atualidade: Evidência (questionamento), Análise (simplificar), Síntese (aprofundar) e Enumeração. Complexo? Pois é, compreender a si mesmo no carrossel das mudanças desenfreadas talvez demande um gasto venial para quem não pode desacelerar sua dinâmica robótica.
De tempos em tempos um solapar existencial contagia meus pensamentos. Envolto na necessidade de mim, desvaneço. Retorno sem o enervamento de antes, ciente de um inacabamento intrínseco. Desnudo meus anseios. Observo a multiplicidade do caminho ao qual me lancei. Entreguei as rédeas a um "Eu" sem o conteúdo apropriado para a felicidade. E olha eu novamente aqui. Refletindo e crescendo de onde parei. Deus ao meu redor, apesar da minha inconstância, sempre disposto.    

sábado, 5 de julho de 2014

TOLAS DEFINIÇÕES

Reformei conceitos outrora engavetados. Flexibilizei as vaidades mais íntimas. Amei os amores errados. Acertei errando. Rememoro traços da minha inocência. Quantas desculpas. Entendi o amor uma única vez. E mesmo assim desconfio de tal sapiência. A plenitude flutua sua graça em parcos momentos, nunca torrencia sua plenitude. Viver sem esperar saber tudo. Viver construindo sua verdade com retalhos de verdades alheias. Nem tudo é descartável. Mas nem tudo é reaproveitável. A personalidade definiu os parâmetros, duvidosos, dos seres humanos bons e maus. De resto, apenas a continuação de meus devaneios...

O Escuro

Num ponto angustiante da vida gritei pelo silêncio. Tendia suportar determinados momentos ouvindo meus próprios pensamentos, refletindo os dissabores das últimas horas. Fugi de tudo e de todos. Sozinho, externei em lágrimas vontades, segredos, dores. A escuridão posicionou meu corpo no divã, extraiu o pior e o melhor de mim. Desnudei a tristeza. No quarto escuro retirei as mãos que sufocavam meu pedido de socorro. Renasci após horas. Esperar o dia renascer para continuar a caminhada, nada fácil, da vida. Aguardar outra entrega temporária das forças às agruras da vida, mas sempre pronto ao retorno das querelas...